A
geração nascida entre 1990 e 2000 está quase inteira em um relacionamento
sério: com seus smartphones. Nós
nunca estamos sozinhos e, ao mesmo tempo, sempre solitários. Por que trocamos
os relacionamentos de carne e osso por relacionamentos através de uma tela? E
por que procuramos relacionamentos através da tela?
Quando estamos sozinhos, procuramos
loucamente alguém para trocar mensagens, para curtir nossas fotos. Também
procuramos fotos para curtir, amigos para adicionar. Quando estamos com pessoas
de verdade, seja em restaurantes, bares, escolas ou faculdades, também estamos
desligados da situação real, tentando mostrar o que estamos fazendo e com quem
estamos fazendo para os tais amigos virtuais. O que essa geração entende como
relacionamento?
Não
faz nem duas semanas que terminei meu namoro. O motivo? As conversas que li no
celular dele.
Encheu-me
de ciúmes saber que ele tinha tantas amigas
virtuais. Que compartilhava todos
seus momentos com essas amigas, que não estavam lá de carne e osso com ele,
entretanto sabiam de tudo que ele fazia e tudo o que ele pensava. Aquilo me
trouxe insegurança. Não! ele não tinha como me trair pelo celular. Também não li
nenhum indício de traição mas, se os relacionamentos modernos são todos
virtuais, como saberei que peso tem esse relacionamento
virtual para ele? E como vou saber se é melhor que o nosso? Na dúvida terminei.
O
término, obviamente, foi por whatsapp.
Melhor cortar toda e qualquer relação sem olhar na cara ou demonstrar o
verdadeiro sentimento. Sem demonstrar dor, sem chorar - pelo menos sem ele
saber que eu estava chorando. Depois é só deletar e bloquear o número dele. O
celular realmente é um destruidor de relacionamentos, facilita em todos os
sentidos o término.
Em
contrapartida, quantos relacionamentos começam no celular? Tá aí uma discussão
pertinente! O que une os casais que
começam um relacionamento na internet, pelo tinder,
ou pelos sites de relacionamento?
Acredito que conhecemos nossos parceiros
fazendo algo de que gostamos, pois aí temos um interesse em comum para começar
o assunto.
Há
também aqueles que se conhecem no mercado, mas mesmo nessa situação o casal tem
algo concreto para debater, como: “por que você está comprando Brahma se Skol é
bem melhor?” Ou “o que faz mais mal, manteiga ou margarina?” E até mesmo
debater quais são as consequências dos transgênicos.
Quem
começa relacionamento por aparelhos eletrônicos tem o que em comum? Como começa
o assunto? Esses relacionamentos suprem a solidão, a carência? Ou é uma
tendência?